
Izabel
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A Iza apareceu na minha vida a quase 13 anos atrás quando eu estava precisando de alguém pra cuidar do meu bebê. Quem é mãe sabe, e quem não é pode imaginar, o que é confiar a vida de um serzinho a alguém que você ainda não conhece. Mas, creio muito que Deus coloca no nosso caminho tudo aquilo que pedimos a ele. E a Iza foi muito mais do que pedi. Sempre muito amorosa e atenciosa que se transformou em uma amiga que levarei pra vida.
Quando começamos a falar sobre fazermos umas fotos, ela mencionou que tinha guardado o vestido de noiva da sua mãe e gostaria de usá-lo. Lógico que eu quase pirei quando ela me falou. Já comecei a imaginar como seriam essas fotos e a carga histórica e emcional que elas carregariam pra Iza. Eu amo poder incorporar em um registro amor, afeto e resgate histórico.
Fotografar a Iza foi um momento de muita alegria porque amo a companhia dela, mas ao mesmo tempo, foi desafiador pra mim. A Iza é, e sempre foi, muito linda. Tanto que, pela sua doçura e pela sua beleza, a chamo carinhosamente de Princesa Izabel. Sabe aquelas pessoas que iluminam e alegram qualquer ambiente em que esteja presente? É uma mulher maravilhosa, poderosa que corre atrás de todos os seus objetivos. Entretanto, as vezes ela não consegue se ver assim. E, meu maior desejo com esse ensaio era justamente poder mostrar a ela toda sua beleza.
Vou deixar aqui na sequência as palavras dela sobre nosso dia
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Conheci Cris e Nilton quando comecei a cuidar do Lô e com quem descobri que o amor aquece.
Acredito que são almas que se encontraram para viver profundamente uma história. Meu parâmetro de relacionamento pelo cuidado, respeito e parceria.
Cris é linda em todos os aspectos, Nilton é felizardo (risos), mas um verdadeiro gentleman e profissional dedicado.
Tive a oportunidade de conviver nos tempos de babá Iza, uma das fases mais felizes da minha vida. Cris já era jornalista e sempre a admirei. Era calma, tinha paciência para ensinar como se cuidava de um bebê e com quem aprendi a trocar fraldas pela primeira vez.
Foi uma época boa. Tempos depois, iniciei a faculdade e me mudei para Chapecó. Jovem, cheia de sonhos, diferentes possibilidades, mas muitos desafios.
Cris sempre me viu com os olhos da alma, como uma princesa. Lembro que foi nessa época que comecei a odiar meu corpo, que passei a usar casaco no verão para não mostrar meus braços, que as tentativas de forçar o vômito surgiram e a comparação com as outras meninas/mulheres me deixavam triste. Me sentia feia, vulnerável e incompreendida.
A consequência não seria diferente, transtorno alimentar ou de compulsão alimentar (TCA) e Dismórfico Corporal (TDC) que exigiram muito esforço, acompanhamento médico, terapêutico e medicamentoso. Machucava minha barriga como se quisesse com as mãos, arrancar tudo que me frustrava. Ao mesmo tempo uma vida sem tempo - dedicação aos estudos, trabalho e iniciação científica. Foi um ciclo virtuoso, só a comida me compreendia. Me sentia sozinha e ela era minha companheira. Foram tantas situações.
Hoje, ainda não me sinto plena em relação ao meu auto olhar, mas já melhorei muito. Tinha uma psicóloga que dizia: calma Iza, calma. Agora digo que estou mais slow down (risos). Mesmo que a relação com meu corpo esteja mais saudável, vivo um dilema constante.
Vocês podem se perguntar o que tudo isso tem a ver com a Cris, então eu respondo, tem uma ressignificação através da fotografia, um novo olhar e amor genuíno, o que realmente considero importante para se levar dessa vida.
Junto disso, o vestido de noiva da minha mãe e o desejo de registrar. Várias vezes pensei que não iria gostar, o resultado não ficaria bom, iria me frustrar e talvez, fosse melhor esperar para quando estivesse mais magra. Tantos pensamentos críticos quando os olhares da Cris são de amor.
Ser fotografada por ela foi uma experiência incrível. Um novo olhar sobre minha essência, tudo que passei e conquistei até aqui, as dores e delícias de querer desbravar o mundo num jeito aventureiro e sonhador característica de Iza. Um olhar mais acolhedor. Cris me faz sentir especial!
Pedi que não editasse as fotos, vocês podem ver minhas marcas de expressão aos 29 anos que vão resistir ao botox (risos), manchas, pintas que não gosto, um corpo que não é magro, os ‘peitinhos’ que não aguentaram o engorda/emagrece, mas que fazem parte de tudo que sou. Essa é a Iza. E quando usei o vestido de noiva da mãe, pensei como uma peça de roupa pode ter tantas histórias. Ela usou em 1983 aos 21 anos, estava linda como é até hoje num dia em que minha história e das minhas irmãs começou."